CADERNOS DE ESTUDOS AFRICANOS – THEMATIC ISSUE: “MOZAMBIQUE AND THE BRICS”
CALL FOR PAPERS
Over the past decade a set of literature has flourished on the designated BRICS (Brazil, Russia, India, China, later joined by South Africa), five emerging economies that are characterized by rapid industrialization and the growing influence at regional and international level. Representing approximately 40% of the world’s population and 20% of the gross world product, the BRICS have been subject of a wide range of reflections and analysis. In its relationship with the African continent in general or with Mozambique in particular, the discourse on the BRICS tends to be structured around two opposite poles: On the one hand, as a form of South-South cooperation, as an alternative to forms neocolonial exploitation or as an alternative model of development for the African continent. On the other, several civil society organizations have fueled a number of concerns about the impact of economic investments, both in terms of environmental impacts, working conditions or resettlement of populations, as well as the implications of business styles on conceptions and practice of good governance and human rights.
In Mozambique, the historical relationship with these countries has been different. Although it goes back to the colonial period, the Indian presence has been highlighted in the extractive and energy sector, with ongoing major investments in the provinces of the center and north of the country. From an earlier relationship based on political, military and socio-economic cooperation, Mozambican relations with China have evolved in a predominantly commercial basis, assuming the Asian country as an important partner with a strong presence in construction and forestry, although often characterized by conflictual labor relations. Similarly, if until the 1980s the economic and political relations with the Soviet Union experienced a major vitality, these relations cooled with the liberalization of the Mozambican economy and the dismantling of the Eastern bloc. The media is currently reporting the interest of Russian economic and diplomatic delegations in sectors such as energy, extractive or fisheries. The relationship between Brazil and Mozambique has also extended to various sectors, especially mining, construction, education or agriculture, generating a controversy surrounding the resettlement of populations, either as a result of coal mining or the Prosavana agro-investment program.
Much of the available literature is echoed by a sensationalist press or a Mozambican civil society often funded by Western development agencies. In these analyzes, employers and foreign agents often appear muted, and there is a lack of reflection on their conduct and business models in Mozambique, as well as perpectives on social or political representations.
In this sense, the journal Cadernos de Estudos Africanos aims to bring together academic contributions in the form of articles, reviews or interviews that deal with the following analysis of topics:
- Critical reflections on the social construction of the BRICS or South-South cooperation concepts;
- intergovernmental relations beween Mozambique and the BRICS;
- Management and market implementation strategies by companies coming from the BRICS;
- Natural resources exploitation and population resettlement processes in Mozambique;
- Social responsibility practices, labor relations or investments coming from the BRICS;
- Social representations and intercultural relalations between Mozambicans and Brazilian, Russian, Indian, Chinese and South African citizens, organizations and firms;
- Mozambican civil society organizations reactions to the political and economic links with the BRICS or relationship dynamics between both countries civil society movements.
Contributions should be sent to cadernos.cei@iscte.pt, with the subject “Mozambique and the BRICS” until 30 September 2017. Authors will be notified of the article acceptance until 30 October 2017.
Organizers: João Feijó (Observatório do Meio Rural) & Nelson António (ISCTE-IUL)
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CADERNOS DE ESTUDOS AFRICANOS – NÚMERO TEMÁTICO “MOÇAMBIQUE E OS BRICS”
CHAMADA DE ARTIGOS
Ao longo da última década vem florescendo um conjunto de literatura sobre os designados BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, a que mais tarde se juntou a África do Sul), as cinco economias emergentes que se destacam pela rápida industrialização e pela crescente influência a nível regional e internacional. Representando aproximadamente 40% da população mundial e 20% do produto bruto mundial, os BRICS têm sido alvo de um amplo leque de reflexões e análises. Na sua relação com o continente africano em geral ou com Moçambique em particular, o discurso sobre os BRICS vem-se estruturando em torno de dois polos tendencialmente opostos: Por um lado, como uma forma de cooperação Sul-Sul, como uma alternativa a formas neo-colonialistas de exploração ou como um modelo alternativo de desenvolvimento para o continente africano. Por outro, diversas organizações da sociedade civil têm alimentado um conjunto de preocupações sobre o impacto dos investimentos económicos, quer ao nível ambiental, da segurança no trabalho ou do reassentamento de populações, assim como das implicações dos estilos de negociação sobre o que se designa de boa governação e de defesa dos direitos humanos.
Em Moçambique, a relação histórica com estes países tem sido distinta. Ainda que remonte ao período colonial, a presença indiana ganhou destaque no sector extractivo e energético, com grandes investimentos em curso nas províncias do Centro e Norte do país. De uma relação assente na cooperação política, militar e socio-económica, as relações com a China evoluíram para um carácter predominantemente comercial, assumindo-se o país asiático como um importante parceiro, com forte presença nos sectores da construção e florestal, frequentemente caracterizado por relações laborais conflituais. Da mesma forma, se até à década de 1980 as relações económicas e políticas com a União Soviética conheceram uma importante vitalidade, as relações arrefeceram com a liberalização da economia moçambicana e com o desmantelamento do bloco de leste. A comunicação social reporta, contudo, o interesse de delegações económicas e diplomáticas russas no investimento em sectores como o energético, extractivo ou das pescas. A relação do Brasil com Moçambique tem-se também alargado a diversos sectores, com destaque para a mineração, construção, ensino ou agropecuária, gerando-se uma polémica em torno dos processos de reassentamento de populações, quer em resultado da mineração, quer do programa Prosavana.
Grande parte da literatura disponível é particularmente ecoada por uma comunicação social sensacionalista ou por uma sociedade civil moçambicana frequentemente financiada por agências de desenvolvimento Ocidentais. Nestas análises, os empregadores e agentes estrangeiros aparecem frequentemente silenciados, carecendo a realização de estudos que reflictam sobre os respectivos modelos de negócio e de conduta em Moçambique, assim como perspectivas e representações sociais.
Neste sentido, a revista Cadernos de Estudos Africanos pretende reunir contribuições académicas em forma de artigos, recensões ou entrevistas que versem sobre os seguintes tópicos de análise:
- Reflexões críticas sobre a construção social dos conceitos de BRICS ou de cooperação Sul-Sul;
- Relações inter-governamentais ente Moçambique e os BRICS;
- Estratégias de gestão e de implementação nos mercados por parte de empresas oriundas dos BRICS;
- Exploração de recursos naturais e processos de reassentamento de populações em Moçambique;
- Práticas de responsabilidade social, relações laborais ou investimentos oriundo dos BRICS;
- Representações sociais e relações interculturais entre moçambicanos e cidadãos brasileiros, russos, indianos, chineses ou sul-africanos;
- Reacção das organizações da sociedade civil moçambicana relativamente ao relacionamento com os BRICS ou dinâmicas de relacionamento entre os movimentos da sociedade civil de ambos os países.
As contribuições deverão ser encaminhadas para cadernos.cei@iscte.pt, com o assunto “Moçambique e os BRICS”, até dia 30 de setembro de 2017. Os autores serão notificados sobre a aceitação do artigo dia 30 de outubro de 2017.
Organizadores: João Feijó (Observatório do Meio Rural) & Nelson António (ISCTE-IUL)
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